Europa bate recorde de superfície queimada por incêndios durante verão
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- 15/08/22

Com a alta temporada de incêndios ainda em andamento, o saldo provisório de hectares queimados na Europa ultrapassa 660 mil desde janeiro, um recorde para este período do ano desde que os dados de satélite começaram a ser coletados em 2006. Desde 1º de janeiro, os incêndios destruíram 662.776 hectares de floresta em toda a União Europeia, segundo dados atualizados neste domingo pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que produz estatísticas comparáveis desde 2006 graças a imagens de satélite do programa europeu Copernicus.
A área mais atingida pelos incêndios foi a Península Ibérica. Na Espanha, que sofreu duas grandes ondas de calor este verão entre junho e agosto, 246.278 hectares foram queimados, principalmente nas regiões da Galícia, província castelhana de Zamora (noroeste) e Extremadura. A situação melhorou nos últimos dias com temperaturas mais baixas.
Em Portugal, os bombeiros demoraram uma semana para controlar um incêndio no parque natural da Serra da Estrela, reconhecido pela Unesco, e onde 17 mil hectares foram queimados. Já a França viu anos ainda piores na década de 1970, antes que os dados padronizados fossem estabelecidos em nível europeu. Mas de acordo com esses números, 2022 foi o pior dos últimos 16 anos, em grande parte devido a dois grandes incêndios sucessivos no departamento de Gironde, perto de Bordeaux (sudoeste), para os quais foram necessários reforços de bombeiros alemães, poloneses e austríacos.
A situação foi igualmente excepcional na Europa Central. Em julho, os bombeiros levaram mais de dez dias para controlar o maior incêndio da história recente da Eslovênia, com a ajuda de uma população mobilizada com tanto entusiasmo que o governo teve que pedir aos moradores que parassem de fazer doações aos bombeiros. Sem aviões especializados no combate a incêndios, a Eslovênia teve que pedir ajuda à Croácia, que enviou um avião antes de trazê-lo de volta para apagar seus próprios incêndios. Por esta razão, o governo esloveno considera a compra do seu primeiro avião-cisterna.
Em termos de área, atrás da Espanha estão a Romênia (150.528 hectares), Portugal (75.277 hectares) e França (61.289 hectares). Se for considerado apenas o período de verão, "2022 já é um ano recorde", explica à AFP Jesús San Miguel, coordenador do EFFIS. O recorde anterior na Europa data de 2017, quando 420.913 hectares queimaram até 13 de agosto e 988.087 hectares em um ano."
"Espero que não tenhamos o mês de outubro que tivemos naquela época, quando 400 mil hectares foram arrasados em toda a Europa", acrescenta Jesús San Miguel. "É que a seca excepcional que assola a Europa, somada às ondas de calor, é uma fórmula devastadora. Até agora, estas condições de extrema secura eram observadas principalmente no Mediterrâneo, e agora "acontece na Europa Central", aponta Jesús San Miguel.
Fonte: O Globo